
Em 2021, os encontros do Mainumby, formação continuada para educadores comunitários, aconteceram de forma remota e aberta para todos os educadores/colaboradores dos núcleos Monte Azul, Peinha, Horizonte Azul e ESF e também para um público externo. No primeiro semestre foram três encontros com a temática “Nossas Crianças e a Criança em nós”, no segundo quatro encontros com professores indígenas “NHE’É PORÃ – PALAVRAS SAGRADAS: Saberes originários para educadores”. Em todos os encontros aconteceu uma primeira aula mais reflexiva, pensada para ampliar os conhecimentos de mundo e para o desenvolvimento interior do educador e outra aula mais prática, com o propósito de trazer inspirações práticas para o fazer pedagógico com as crianças.
No 2º semestre, os oito professores indígenas convidados se complementaram em suas falas e ensinamentos e ficou bem evidente que as culturas guarani e tupinambá dialogam profundamente com os princípios da Pedagogia Waldorf, no tocante à imagem e desenvolvimento da criança, a integração com a natureza e o respeito pelo humano e a vida em si. Esperamos que com estes encontros a sensação de distância entre nós, indígenas e não indígenas tenha diminuído e que o senso de pertencimento tenha aumentado, tendo dado novas inspirações para uma pedagogia enraizada nas origens brasileiras.
Saiba mais sobre a programação realizada e professores convidados.
Um educador nosso que trabalha nos cursos profissionalizantes com jovens de 15 a 59 anos, Tecendo o Futuro, descreveu as suas percepções depois de um dos encontros da seguinte maneira:
“Para a equipe do Tecendo Futuro, foi uma das melhores formações do Mainumby Nhe’é Porã. Os guardiões da aldeia Tekoa Itakupe nos levaram a perceber que nós ainda agimos na contramão da vida, mantemos uma consciência, um pensamento, um coração muito pequeno diante do que realmente representa a terra para todos nós. Nos despertou a vontade e o desejo de contribuir de forma mais significativa pela causa indígena.
Como educadores, entendemos que nossa contribuição será recontar a história do ponto de vista da resistência indígena, para que a cultura hegemônica colonizadora não distorça a verdade sobre nossa ancestralidade. Aprendemos que o “estado de exceção” em que vivemos é a regra. Precisamos construir um conceito de história que corresponda a esse ensinamento. Perceberemos, assim, que nossa tarefa é originar um verdadeiro estado de exceção em nossos educandos. Porém, no nível individual temos o sentimento de que podemos contribuir mais, embora não esteja claro como cada um desenvolverá essa contribuição pessoal.
Aos jovens guardiões da aldeia Tekoa Itakupe, agradecemos por dividirem sua cultura e universo próprio, nos permitindo compreender um pouco mais o seu universo pela música, oralidade e língua falada.”
Imagem ilustrativa: Mainumby 2013 – Trabalhando com simbologia e mitologia guarani.
Em 2021 não ouve registro fotográfico, pois toda capacitação foi realizada de forma online.